1. INTRODUÇÃO
O
que se entende por evolução? Evolução e progresso são a mesma coisa? Há alguma
diferença entre evolução e evolucionismo? Como ver a evolução sob a ótica do
Espiritismo?
2.
CONCEITO
Etimologicamente,
o termo evolução significa desenvolvimento, volver para fora o que já está
contido em algo. Nesse sentido, evolução seria o desenvolvimento, pela
atualização das possibilidades, das potências já inclusas virtualmente em algo.
Deste modo, a evolução seria o processo das atualizações das potências dos
seres, e nesse sentido lato, todos estão de pleno acordo. (Santos, 1965)
3.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A
teoria da evolução pode ser vista sob dois pontos de vista: a) biológica: b)
metafísica. Do ponto de vista biológico, é a transformação das espécies vivas
umas nas outras, hipótese básica das ciências biológicas dos últimos tempos. Do
ponto de vista metafísico, é o progresso do universo, hipótese de muitas
filosofias e doutrinas religiosas. Em termos da sociologia e da antropologia, a
evolução está associada ao comportamento dos seres humanos e às mudanças
estruturais da sociedade como um todo. Há, também, uma diferença fundamental
entre evolução e revolução. A evolução é uma acumulação lenta, gradual, de
mudanças quantitativas; a revolução é uma mudança brusca, radical, qualitativa.
(Temática Barsa)
4.
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
4.1. FIXISMO
Baseado
na física aristotélica, esta teoria admite que as espécies não sofrem mudanças,
ou seja, surgiram sobre a Terra, cada qual já adaptada ao ambiente onde foi
criada, pelo que, uma vez que não havia necessidade de mudanças, as espécies
permaneciam imutáveis desde o momento em que surgiram. O fixismo pressupõe:
a) criacionismo – todos os seres vivos eram obras divinas e,
por isso, perfeitos; não precisavam de sofrer alterações; b) geração
espontânea – a vida surgia quando havia condições favoráveis para
isso; c) catastrofismo – se as catástrofes naturais
destruíssem determinados seres vivos, outras espécies existentes iriam povoar
esses locais desabitados.
4.2.
TRANSFORMISMO
Embora
o fixismo fosse uma teoria de fácil aceitação, ela não prevaleceu ao longo do
tempo. Em seu lugar, surgiu a hipótese do transformismo, ou seja, a
ideia de que as espécies não permaneciam imutáveis, mas sofriam modificações,
isto é, evoluíam. Esta teoria só foi possível com o desenvolvimento do método
teórico-experimental, em que se criava uma sistemática, para o estudo e
nomenclatura das espécies atuais. Também valioso foi o estudo dos fósseis,
registros das espécies que existiram em tempos antigos. O ápice do
evolucionismo deu-se no século XIX, principalmente depois da vinda da nova
ciência, aquela que se baseava na observação e coleta de dados, fazendo
inferências e tirando as devidas conclusões dos dados analisados.
4.3.
DARWIN E A TEORIA DA EVOLUÇÃO
Charles
Darwin (1809-1882), a bordo do Beagle, conseguiu documentar grande quantidade
de observações, que estão expostas em Sobre a Origem das Espécies (1859).
A
teoria de Darwin mostra-nos que as espécies evoluíram. A transformação, porém,
foi gradual, lenta e contínua. Por intermédio de uma seleção natural,
os indivíduos sofrem modificações espontâneas, mas sobrevivem apenas as mais
aptas. Além disso, são esses indivíduos que podem se reproduzir e transmitir
esses caracteres a seus descendentes. Nesse processo, que é literalmente uma
"luta pela vida", visto que existem mais seres vivos do que recursos,
os organismos vivos menos adaptados desaparecem.
A
teoria da evolução ganhou um novo impulso com a teoria da herança biológica
formulada por Gregor Mendel (1822-1884), depois de suas experiências com
ervilhas. (Temática Barsa)
5.
A METAFÍSICA E A EVOLUÇÃO
5.1. O EVOLUCIONISMO
É
uma doutrina metafísica que se refere à realidade como um todo e que embora se
sirva das hipóteses e dos resultados da teoria biológica da evolução, sua tese
vai muito além de tudo o que qualquer possível teoria científica possa
legitimamente atestar. Nesse sentido, o evolucionismo foi
assumido como esquema fundamental de muitas metafísicas, tanto materialistas
quanto espiritualistas. A característica fundamental que essas metafísicas
distinguem na evolução é o progresso. Para elas, evolução significa
essencialmente progresso.
5.2.
A EVOLUÇÃO SEGUNDO SPENCER E BÉRGSON
Spencer
definia evolução como a passagem do homogêneo indiferenciado para o heterogêneo
diferenciado. É toda a trajetória da ameba aos organismos superiores. Segundo
Spencer, o sentido geral da evolução é otimista. No caso do homem, só terminará
com "a máxima perfeição e a mais completa felicidade". Enquanto a
evolução biológica desvinculou a ideia de evolução da de progresso, a evolução
materialista e espiritualista têm no progresso a sua característica otimista
fundamental.
Bérgson,
por seu lado, viu na evolução o produto de um elã vital, que é a
consciência, liberdade e criação. (Abbagnano, 1970)
5.3.
A VITÓRIA DOS MAIS APTOS
A
teoria da evolução das espécies de Darwin passou a ser empregada nas relações
sociais com o termo "luta pela vida" e "vitória dos mais
aptos". Esta posição filosófica estimulou a competição desenfreada entre
os seres humanos, no sentido de que cada um deve vencer o seu próximo. Hobbes,
por exemplo, fala-nos de que o "homem é lobo do homem", em que uma
pessoa tem que estar sempre à frente da outra. Observe a ênfase que Maquiavel
dá, em O Príncipe, aos "fins justificarem os meios". Esse
tipo de visão da evolução levou o ser humano a uma posição dramática: queremos
ser mais do que o outro e não nós mesmos.
6.
ESPIRITISMO
6.1. O SENSO MORAL
Allan
Kardec, em A Gênese, André Luiz, em Evolução em Dois
Mundos e Emmanuel, em A Caminho da Luz, falam-nos do
aparecimento do protoplasma e de toda a cadeia evolutiva descrita pela ciência
biológica. O Espiritismo corrobora com a Ciência; a única diferença é que faz
intervir a ação dos Espíritos.
No
processo de evolução do Espírito, o ponto alto é o aparecimento do senso
moral. Enquanto o princípio inteligente estagia no reino animal, o senso
moral é quase nulo. Somente quando adquire a razão, o pensamento contínuo e o
livre-arbítrio, na fase humana, é que começa a responder pelos seus atos. Daí,
a responsabilidade de cada um pelo seu próprio progresso.
6.2.
LIVRE-ARBÍTRIO
O
Espiritismo mostra-nos que, no inicio da sua caminhada evolutiva, o Espírito
não possui o livre-arbítrio, cuja escolha é deixada a cargo dos mensageiros do
espaço. Somente quando desenvolveu o senso moral, que é responder pelos seus
próprios atos, foi lhe dado a capacidade de escolher e seguir o seu caminho.
O
ser humano não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não estavam
escritos, determinados por uma fatalidade. "Ele pode, como prova ou expiação,
escolher uma existência em que se sentirá arrastado para o crime, seja pelo
meio em que estiver situado, seja pelas circunstâncias supervenientes. Mas será
sempre livre de agir como quiser. Assim, o livre-arbítrio existe no estado de
Espírito, com a escolha da existência e das provas; e no estado corpóreo, com a
faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos
submetidos". (Kardec, 1995, questão 872)
6.3.
O PROGRESSO
Allan
Kardec, em O Livro dos Espíritos, mostra-nos que o progresso
intelectual nem sempre anda junto com o progresso moral. No longo prazo, porém,
deverão equilibrar-se para que haja maior coerência das ações praticadas pelo
ser humano.
Nesse
sentido, o Espírito Emmanuel adverte-nos que a sabedoria e amor são as duas
asas que nos conduzirão ao progresso. Paralelamente, o Espírito André Luiz
diz-nos que o ciclo de reencarnações somente terminará quando tivermos
sedimentado as nossas ações nas máximas do Evangelho de Jesus.
7.
CONCLUSÃO
O
progresso é inexorável e a lei de causa e efeito é providencial. Assim,
tenhamos consciência dos nossos atos diários. Adiando para amanhã a prática do
bem, podemos retardar a nossa evolução material e espiritual.